Durante uma entrevista coletiva que encerrou sua viagem à Etiópia, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva comparou as ações militares de Israel na Faixa de Gaza ao Holocausto, afirmando que "o que está acontecendo na Faixa de Gaza com o povo palestino não existiu em nenhum outro momento histórico. Aliás, existiu. Quando Hitler resolveu matar os judeus".
A declaração polêmica pode resultar em um pedido de impeachment, segundo deputados de oposição.
Para a deputada federal Carla Zambelli (PL-SP), as falas de Lula podem configurar crime de responsabilidade, especialmente no que diz respeito à previsão de "cometer ato de hostilidade contra nação estrangeira, expondo a República ao perigo da guerra, ou comprometendo-lhe a neutralidade".
“O povo de Israel precisa ser respeitado e o holocausto não pode ser banalizado desta forma. Lula, tenha respeito pelas mais de 6 milhões de pessoas assassinadas”, escreveu a parlamentar na rede social X, antigo Twitter.
A ideia para a abertura do pedido de impeachment partiu da deputada, que alega que não se pode comparar as atuais ações em Gaza com a tragédia do Holocausto.
Até o momento, ao menos 40 deputados de oposição demonstraram apoio ao pedido de impeachment contra Lula em virtude de suas declarações. Israel reagiu fortemente às palavras do presidente brasileiro.
O primeiro-ministro Benjamin Netanyahu classificou as declarações como "vergonhosas e graves", acusando Lula de banalizar o Holocausto e prejudicar o povo judeu e o direito de Israel se defender. O embaixador brasileiro em Israel foi convocado para esclarecimentos.
“As palavras do presidente do Brasil são vergonhosas e graves. Trata-se de banalizar o Holocausto e de tentar prejudicar o povo judeu e o direito de Israel se defender”, escreveu o premiê israelense em sua conta verificada na rede social X.
A Confederação Israelita no Brasil (Conib) também repudiou a comparação feita por Lula, descrevendo-a como uma "distorção perversa da realidade".
Em nota, a entidade ressaltou as diferenças entre o genocídio perpetrado pelos nazistas durante a Segunda Guerra Mundial e a atual situação em Israel, onde o país se defende de um grupo terrorista que invadiu suas fronteiras.
“Os nazistas exterminaram 6 milhões de judeus indefesos na Europa, somente por serem judeus. Já Israel está se defendendo de um grupo terrorista que invadiu o país, matou mais de mil pessoas, promoveu estupros em massa, queimou pessoas vivas e defende em sua carta de fundação a eliminação do Estado judeu”, continua o texto da Conib.
A Federação Árabe Palestina no Brasil, por sua vez, comentou a declaração de Netanyahu e sugeriu que “talvez seja hora de cortar relações com Israel”.
Impeachment
O impeachment é um procedimento conduzido pelo Congresso Nacional para avaliar se uma pessoa ocupante de cargo público cometeu crime de responsabilidade.
Para que o processo avance no âmbito legislativo, é necessário que o pedido de afastamento seja aceito pelo presidente da Câmara dos Deputados, atualmente ocupado por Arthur Lira (PP-AL).
Redação Guia São Miguel
Foto: Ricardo Stuckert / PR