Correios anunciam plano de reestruturação com fechamento de agências e demissões voluntárias
29/12/2025 Brasil
Medidas visam reduzir déficits acumulados desde 2022 e incluem corte de custos, venda de imóveis e possível abertura de capital

Com o objetivo de conter os sucessivos déficits financeiros registrados desde 2022, os Correios anunciaram nesta segunda-feira (29) um amplo plano de reestruturação que prevê o fechamento de cerca de mil agências próprias em todo o país e a implementação de programas de demissão voluntária (PDVs) para reduzir o quadro de funcionários em até 15 mil empregados até 2027.

De acordo com a estatal, o encerramento das unidades representa aproximadamente 16% das cerca de 6 mil agências próprias atualmente em funcionamento. A expectativa é de uma economia de R$ 2,1 bilhões com a medida. Considerando também os pontos de atendimento operados por meio de parcerias, os Correios contam hoje com cerca de 10 mil unidades prestando serviços no Brasil.

O presidente da empresa, Emmanoel Rondon, afirmou que o fechamento das agências será realizado de forma criteriosa, sem comprometer o princípio da universalização do serviço postal, obrigação legal da estatal. “Vamos ponderar o resultado financeiro das agências com o cumprimento da universalização para não ferir esse princípio ao fechar pontos de atendimento”, explicou durante coletiva de imprensa em Brasília.

Demissões voluntárias e corte de benefícios

O plano prevê uma redução de despesas de até R$ 5 bilhões até 2028. Para isso, além do fechamento de agências, a estatal pretende realizar dois programas de demissão voluntária, um em 2026 e outro em 2027, com a meta de reduzir o quadro funcional em 15 mil servidores.

Segundo a direção dos Correios, cerca de 90% das despesas da empresa são fixas, o que dificulta ajustes rápidos diante das mudanças do mercado. Com as demissões voluntárias e a revisão de benefícios, a expectativa é reduzir os gastos com pessoal em aproximadamente R$ 2,1 bilhões por ano.

Os planos de saúde e de previdência dos empregados também estão na mira da reestruturação. A proposta é rever os aportes feitos pela estatal, considerados financeiramente insustentáveis. “O plano de saúde precisa ser completamente revisto. Ele oferece boa cobertura ao empregado, mas onera excessivamente a empresa”, afirmou Rondon.

Déficits, empréstimos e futuro da estatal

Os Correios acumulam um déficit estrutural estimado em R$ 4 bilhões anuais, atribuído, segundo a direção, ao cumprimento da universalização dos serviços. Apenas nos nove primeiros meses de 2025, o saldo negativo chegou a R$ 6 bilhões, e o patrimônio líquido da companhia é negativo em R$ 10,4 bilhões.

Para reforçar o caixa, a empresa contratou recentemente um empréstimo de R$ 12 bilhões junto a bancos, mas ainda busca outros R$ 8 bilhões para equilibrar as contas em 2026. Além disso, o plano prevê a venda de imóveis da estatal, com expectativa de arrecadar R$ 1,5 bilhão.

A partir de 2027, os Correios também estudam uma mudança em sua estrutura societária. Atualmente 100% pública, a companhia avalia a possibilidade de abertura de capital, transformando-se em uma empresa de economia mista, nos moldes de estatais como Petrobras e Banco do Brasil.

Crise no setor postal

Segundo a direção dos Correios, a crise financeira da empresa se arrasta desde 2016, impulsionada principalmente pela digitalização das comunicações, que reduziu drasticamente o volume de cartas, historicamente a principal fonte de receita da estatal. A intensificação da concorrência no comércio eletrônico também é apontada como um fator relevante.

Emmanoel Rondon destacou que a dificuldade não é exclusiva do Brasil e citou o exemplo do serviço postal dos Estados Unidos (USPS), que também enfrenta prejuízos bilionários. “É uma dinâmica de mercado mundial. Algumas empresas conseguiram se adaptar, outras ainda registram prejuízos expressivos”, comparou.

Ao final, o presidente reforçou que o plano vai além do equilíbrio financeiro. “Ele reafirma os Correios como um ativo estratégico do Estado brasileiro, essencial para integrar o território nacional e garantir acesso igualitário aos serviços logísticos, especialmente onde ninguém mais chega”, concluiu.

Redação Guia São Miguel com informações da Agência Brasil.
Foto: Fabio Rodrigues-Pozzebom/ Agência Brasil

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