O enorme navio encalhado - o Ever Given, da empresa Evergreen Marine, no Canal de Suez, no Egito, está bloqueando o tráfego marítimo de uma infinidade de produtos e a reação dos mercados continua se intensificando nesta sexta-feira (26). Segundo alguns especialistas, entre sábado (27) e domingo (28), o canal poderia ser liberado, outros já afirmam que os trabalhos só serão concluídos para o desencalhe na próxima quarta-feira (31).
Enquanto isso, há centenas de cadeias de suprimento sofrendo com o interrompimento do abastecimento. O impacto se dá ainda sobre uma crise no setor de contêineres, que já vinha sendo sentida e com as indústrias operando com sua capacidade total, além de ser sentido também nos preços dos fretes marítimos, que já vinham registrando uma disparada brutal nos últimos meses. O custo para o envio de um contêiner de 40 pés da Europa para a China quadruplicou em um ano.

Navio encalhado no Canal de Suez - Foto: 2021 Maxar Technologies
"Os atrasos, provavelmente, aumentarão os custos, aumentando a pressão inflacionária já generalizada nas cadeias de abastecimento. Os efeitos em cascata de curto prazo poderão pesar mais sobre as rupturas de estoque de bens de consumo e o risco de que as cadeias de fornecimento de manufatura que já foram perturbadas pelo Brexit e a escassez de commodities possam enfrentar interrupções adicionais", explica à agência internacional de notícias Bloomberg Chris Rogers, analista comercial da S&PGlobal Market Intelligence.
Ainda de acordo com a Bloomberg, uma fila de 300 navios se formou no canal nesta sexta-feira (26), contra os 186 que eram contabilizados na quarta (24). Essa é uma das das principais vias de fluxo de mercadorias mundo ligando a Europa à Ásia.
A imagem abaixo, da Marine Traffic, mostra os navios cargueiros e os petroleiros congestionando o canal.

Fluxo de navios no Canal de Suez - Março 2021 - Fonte: Marine Traffic
Diante do ocorrido, as embarcações estão buscando rotas alternativas e desvios bastante caros, que além de elevar os gastos com as viagens, ainda levarão mais tempo do que o previsto. Há navios tentando desviar pelo Cabo da Boa Esperança e outros tentando contornar a África, o que, neste caso, aumentaria o tempo de viagem de 10 a 15 dias. Há empresas considerando, inclusive, o transporte aéreo daquilo que é possível.
Entre os carregamentos parados em função do encalhe há papel, leite em pó, móveis, cerveja, carnes bovina e suína congeladas, chocolate, cosméticos, componentes automotivos, madeira, entre outros.

Navio Ever Given, da empresa Evergreen, encalhado no Canal de Suez - Foto: Suez Canal Authority
As preocupações se dão também sobre os impactos que serão sentidos depois que o navio for desencalhado e o canal liberado. Os portos da Europa poderão receber mais contêineres do que o que é possível manejar em seus portos, as viagens de volta serão atrasadas e a falta desses contêineres pode se agravar.
Informações do portal internacional Lloyd's List, especializado em informações de transporte marítimo, dão conta de que o impacto diário do navio encalhado pode chegar a mais de US$ 9 bilhões em mercadorias que não passam pelo canal.
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Foto: AFP
